Nossos jovens e nós vivemos numa sociedade onde a informação é cada vez mais abundante. Diariamente temos acesso a uma quantidade cada vez maior de informação, e consequentemente uma informação é classificada como antiga cada vez mais rapidamente.
Inúmeras informações de cunho científico que constam dos currículos escolares e que poderiam ser classificadas como antigas, são ainda extremamente importantes no nosso cotidiano, mas acredito que o enfoque deve ser mudado, pois é desejável e útil que nossos jovens compreendam como as coisas funcionam para utilizá-las melhor. Há muitos anos, os documentos oficiais recomendam que os conteúdos programáticos sejam contextualizados e que seja destacado o caráter interdisciplinar de um conteúdo, sempre que for o caso.
Nas escolas públicas, as abordagens do processo ensino-aprendizagem mais comuns ainda são as conservadoras e poucos são os recursos didáticos oferecidos nestas escolas. Acredito que grande parte da mudança deva ocorrer na forma que a aula ocorre. Nesse ponto faço duas observações: podemos verificar que os alunos tem um tempo de concentração cada vez menor e não estão desenvolvendo, conforme o esperado, sua autonomia. Por outro lado, nós os professores estamos acomodados nas abordagens conservadoras a maior parte do tempo, por falta de reflexão e critica sobre nossa própria prática e/ou por conformismo em relação as nossas condições de trabalho. Gostaria de experimentar uma abordagem que despertasse no aluno o interesse pelos conteúdos, destacando o caráter interdisciplinar e contextualizado dos mesmos, e a responsabilidade pelo seu próprio processo de aprendizagem.
Aulas expositivas sempre terão seu lugar, assim como, as avaliações tradicionais (testes e provas escritas), mas um curso em que elas sejam os únicos meios de trabalho dos conteúdos se revela, atualmente, pouco eficiente.
Temos muitas limitações: turmas enormes (às vezes, passa dos 50 alunos), pequena carga horária (2 tempos por semana), laboratórios de ciências e de informática fora de uso, número insuficiente de equipamentos multimídia, ou equipamentos com defeito, ou ainda, a ausência deles, salas de leitura (biblioteca) com pequeno acervo, e por fim, chega a faltar até tinta para nossas canetas (recargas). Mas, também temos opções para tentar melhorar nossa prática: experimentos de baixo custo, blog com textos, pequenos vídeos, fotos, gráficos, entre outros recursos que podem ser acessados em casa (ou em qualquer outro local), e processos mais ativos de ensino-aprendizagem como o método de projetos.
Utilizo timidamente as redes sociais para me comunicar com os jovens. Através das redes compartilho com eles pequenas biografias de cientistas, avisos de inscrições para os vestibulares e ENEM, exposições, cursos, oportunidades para inserção no mercado de trabalho (programa jovem aprendiz), pequenos vídeos, informações sobre carreiras entre outras tantas coisas. Em 2014, fui à biblioteca da escola e peguei emprestados vários livros paradidáticos de física e de ciências, li e compartilhei nas redes sociais pequenas críticas especificamente para eles, esclarecendo se a leitura era mais leve ou não, se ajudava no entendimento do conteúdo trabalhado em sala, se era mais aprofundado ou mais abrangente, etc. Essa prática despertou o interesse de alguns pelos livros da biblioteca. Mas, acredito que um blog daria uma contribuição mais enriquecedora ao que for trabalhado na escola, que os experimentos de baixo custo demonstrariam concretamente conteúdos tão abstratos (qualitativamente) e que o método de projetos poderia contribuir para desenvolver a autonomia dos jovens.
Já perguntei se eles gostariam de um blog, alguns responderam que sim, outros se mostravam apáticos, mas acredito que vale a pena fazer um levantamento para verificar realmente o que eles acham. Sondei também sobre o método de projetos e verifiquei que alguns ficaram animados com a possibilidade de um trabalho diferente. Lembro de uma pequena pesquisa sobre motivação e sobre os vários aspectos que influenciam no processo ensino-aprendizagem que poderia ser atualizada e refeita com os jovens.
Opa Marcia,
Bem legal sua reflexão sobre como podemos tentar produzir pequenas (ou grandes) disrupções na escola.
Com base no perfil da sua comunidade escolar (alunos, infra-estrutura da escola, colegas professores) e no fato que a garotada hoje é mais visual que textual, você acha que caberia construir um perfil (coletivo) numa dessas redes sociais de imagens (flickr ou instagram) para que os alunos registrassem imagens relacionadas a um tema que eles estivessem estudando?
A dinâmica poderia ser… ao publicar a imagem eles usariam uma #hashtag da escola, da turma e do tema junto com um texto *curtíssimo* explicando porque ele acha que aquela imagem tem ligação com o tema estudado…
Acho que essa sua reflexão, pode entrar na parte escrita do seu produto final.
Abraços
Legal, Sergio, não havia pensado nisso.
Vou amadurecer um pouquinho essa ideia para continuar nosso papo… Obrigada pela sugestão!